sábado, 16 de março de 2013

De onde vieram os conceitos usados na política atual?

Será que o cidadão sabe responder a essa pergunta? Vivemos numa república, exigimos por democracia e às vezes não sabemos o que isso realmente significa.

A História, frequentemente ignorada, diz que a política começou a surgir com os gregos e romanos da antiguidade. Em termos de comparação, consegue-se claramente perceber as mudanças ocorridas de lá para cá, como por exemplo, o conceito de cidadania que era restrito a uma pequena parcela da sociedade.
Na Grécia Antiga, a democracia começou a surgir na Atenas Clássica, quando as relações sociais eram baseadas no princípio de igualdade entre todos os cidadãos, devido à existência da Ágora, que permitia a discussão coletiva sobre a cidade-estado. Ao longo dos tempos foram criados distritos eleitorais, chamados demos, que escolhiam seus representantes na polis, fazendo com que os próprios cidadãos tivessem poder sobre as decisões políticas, assim como hoje.
A ideia de República, no entanto, já era formulada desde os antigos filósofos gregos, como Platão, em sua obra “A República”, mas só se concretizou definitivamente com os romanos. Eles criaram instituições políticas, como o Senado – que permanece em alguns governos até hoje – ainda na Monarquia. O Senado, por sua vez, deu um golpe de estado e proclamou a primeira República, oligárquica, da História. A importância dos conceitos romanos é tão pertinente que a origem da palavra vem do latim “Res publica” que significa “coisa pública”.
É inegável, portanto, a contribuição dessas duas civilizações antiguíssimas para a formação da sociedade atual, influenciando a cultura, a política, a economia e vários outros setores do mundo de hoje. Instituições e conceitos, criados há quase quatro mil anos atrás, perpetuam até hoje, fazendo parte, quase despercebidamente, do nosso cotidiano. Mas é óbvio que mudanças ocorreram ao longo dos tempos, nos resta apenas descobrir quais foram essas mudanças e o que nos resta destas antigas culturas.
Assim como várias outras grandes civilizações, depois de um longo período de desenvolvimento e poderio, as civilizações grega e romana foram dominadas por outros povos. Por um longo tempo, os conceitos usados na política e na economia Greco-romana foram praticamente esquecidos e essa cultura exerceu pouca influência nas novas sociedades que se formavam.
No entanto, o Iluminismo, iniciado na França, por volta do século XVIII, resgatou toda essa herança de gregos e romanos, a fim de causar uma revolução, uma mudança no pensamento da época, principalmente na política. O Homem foi colocado novamente no centro, ou pelo menos capaz de exercer suas funções, um tanto mais independente das decisões divinas. Assim, a monarquia, apoiada pela Igreja e pelo Teocentrismo, viu-se abalada e prestes a ruir.
Com a Revolução Francesa e suas posteriores consequências, a ideia de República começou a ser disseminada, novamente, na Europa. Assim como as ideias iluministas já dissipavam o pensamento de o poder ser concentrado nas mãos de um só, ou de um seleto grupo de governantes. E do mesmo modo que os ideais revolucionários se espalhavam naquele continente, as grandes navegações faziam com que a situação se igualasse nas novas terras descobertas.
Deste modo, a cultura Greco-romana exerceu sua influência sobre os novos pensamentos, as novas revoluções e o anseio de provocar mudanças. Apoiaram-se nos conceitos de República e Democracia, aqueles que exigiam maior liberdade e igualdade para todas as camadas sociais, principalmente entre os menos favorecidos.
Enquanto esse novo pensamento provocava a proclamação de Repúblicas na Europa, as colônias se rebelavam em prol de sua liberdade comercial, política e cultural. A América é então marcada por uma série de independências, acompanhadas da instalação desse novo tipo de governo nos novos estados.
Pioneiro na instalação da República na América, os Estados Unidos apresenta a maior gama de influências romanas, tanto no tipo de governo, quanto nos ideais e símbolos romanos que já eram usados desde a Antiguidade. A águia, por exemplo, tão representativa do país, já era usada para designar a civilização romana como uma nação poderosa e desenvolvida.
A República passou por muitas mudanças, e até hoje não é um conceito completamente equivalente em todos os países que fazem uso desse tipo de governo. O modo de eleição, o tempo designado a cada governante, a possibilidade de reeleição e a abrangência com relação aos eleitores são particularidades de cada República existente atualmente.
Em base majoritária, a República atual é caracterizada pela eleição do Presidente, que exerce o poder executivo do estado. Este governante permanece em seu posto por um número limitado de anos, e a eleição é realizada com base na escolha pública, o voto de cada cidadão. Ainda sabemos que o poder executivo é apoiado por mais dois poderes, legislativo e judiciário, que também possuem cada qual seu modo eletivo dos respectivos representantes.
O conceito de Democracia também passou por várias transformações durante esse período da História. Principalmente porque a política, na Grécia e em Roma, era baseada em sua própria cultura da época, o que justificava o fato de mulheres e escravos não serem considerados cidadãos das cidades-estados. É perceptível, portanto, que ao longo do tempo a escravidão foi abolida e as mulheres, ainda hoje, vêm conquistando seu direito de liberdade e igualdade com relação aos homens. Inclusive a situação da mulher árabe é mais participativa do que as mulheres gregas ou romanas da antiguidade.
A Democracia atual possui poucas restrições, normalmente vinculadas aos menores de idade. No Brasil, por exemplo, menores de 16 anos não podem votar. Dos 16 aos 18 o voto é facultativo, assim como acima dos 70 anos e os analfabetos. A Democracia atual, portanto, faz com que o direito à cidadania seja realmente abrangente à grande parte da população.
Mas o que isso interfere nas questões sociais da atualidade? Podemos dizer que o pouco envolvimento da população nas questões políticas de seu país, normalmente faz com que o cidadão se deixe levar pelo que é falado, pelo que é popular, sem realmente se dar conta do que realmente anda acontecendo.
Será que tudo o que as mídias relatam como conservador ao extremo, ou liberal excessivamente, realmente o são?
Uma situação que anda causando polêmica é a lei sancionada que proíbe o uso de capacetes em estabelecimentos do estado de São Paulo. A restrição se baseia nos assaltantes que fazem uso desse equipamento como parte da vestimenta para ocultar o rosto. Agora, segundo a nova lei, o motociclista deve retirar o capacete até em postos de gasolina, antes da faixa de segurança.
O que mais causa discussão é se a liberdade do cidadão não está sendo reprimida com todas essas leis. Argumentos se baseiam no fato de que as películas que escurecem o vidro do carro também são usadas como disfarce pelos bandidos, mas não são proibidas. Todos esquecem, no entanto, que o uso da película já possui restrição, para que o vidro do veículo ainda tenha no mínimo 70% de transparência.
Então qual é o papel do estado democrático nesses casos? Não é necessário que todas as leis sejam votadas publicamente, mas os representantes, tendo sido eleitos, façam as melhores escolhas, baseados nos princípios levantados quando fizeram sua propaganda. Assim como os cidadãos devem fiscalizar se estes estão cumprindo o que foi prometido, o estado deve o fazer com relação à legislação que já está em vigor.
Em relações exteriores, há a questão da Democracia nos Estados Unidos. Para a maioria, o país é um modelo a ser seguido por vários outros estados, tanto na economia, quanto na política. A política norte-america, no entanto, está extremamente vinculada com a economia, e muitas vezes fatos são analisados e tratados pelos dois lados, conjuntamente.

Diante de crises econômicas e reformas na saúde pública estaria o governo americano agindo corretamente?
A crise econômica de 2008 ainda deixa seu rastro sangrento tanto em países da elite quanto em países menos desenvolvidos. Mas é importante lembrar que um marco da História norte-americana foi a chamada Grande Depressão ou Crise de 1929, muito parecida com esse crise de 2008, mas que teve ações diferentes pelo governo.

A Crise de 1929 gerou consequências no mundo inteiro e primeiramente o governo americano resolveu não intervir na economia. Como essa crise econômica crescia cada vez mais, o então Presidente Franklin Roosevelt instalou um novo plano econômico, a fim de tratar as mazelas do país.
O novo plano econômico chamado “New Deal” tratava inteiramente da população, que era majoritariamente desempregada, e obteve muito sucesso. Diferente foi as ações que trataram a crise de 2008, pois trataram-se exclusivamente de oferecer ajuda aos bancos, sem provocar mudanças imediatas que evitassem uma nova crise similar.
Já a nova reforma de saúde, chamada ObamaCare, mesmo ligada extremamente à economia das Seguradoras e à imposição do uso de seguros de saúde, não precisa ser vista como uma repressão ao direito de escolha do cidadão.
Visto que os cidadãos veem os hospitais como última opção, apenas para tratar casos de extrema emergência, além de que as próprias Seguradoras aproveitam-se pela falta de uma legislação que as fiscalize, o ObamaCare acaba por tratar os dois problemas numa só reforma.
Indiretamente, essa nova reforma, fará com que aumente o número de norte-americanos com acesso livre, porém pago, a exames e tratamentos, já que nos Estados Unidos não existe um plano público de saúde, como existe no Brasil. Ainda, pela nova demanda de assegurados, as Seguradoras passarão a ser fiscalizadas, obedecendo a regras que protegem o consumidor.
Deste modo, é visto que a principal mazela da sociedade atual é não entender o que é “poder do povo”, “coisa pública”. Designar poder ao povo é dar-lhe o direito de também escolher, a fim de que as melhores decisões sejam tomadas. Tornar o estado algo público é possibilitar o dever de fiscalização popular dos seus governantes, para que benefícios sejam abrangentes não apenas para uma pequena parcela da população.

Observando o grande desenvolvimento social e econômico das civilizações grega e romana antigas, deve-se abusar da herança cultural desse povo. Desenvolveram-se novos modos de pensar, propostas de transformações, revoluções e exigências por liberdade, e assim chegou-se à sociedade atual, onde os conceitos de Democracia e República veem-se concretizados.
E todo esse processo de aprimoramento é apenas um dos vários outros que já ocorreram e ainda ocorrerão ao longo do desenvolvimento do homem. Podemos aguardar ainda mais mudanças no nosso mundo, e nenhum de nós poderá afirmar quais serão as influências para essas novas transformações.

Referências bibliográficas:
http://www.plenamulher.com.br/materias.asp?ID_MATERIA=142http://www.historiadigital.org/curiosidades/25-curiosidades-sobre-as-eleicoes-e-o-voto-no-brasil/
http://www.tribunadopovo.com.br/?p=10096&utm_source=rss&utm_medium=rss&utm_campaign=lei-proibe-uso-do-capacete-em-estabelecimentos-comerciais
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2012/03/pelicula-que-escurece-vidro-de-carro-tem-limite-mas-motoristas-abusam.html
http://guiadoestudante.abril.com.br/blogs/atualidades-vestibular/tag/obamacare/
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080701182608AAnqte1
http://www.educacaoadventista.org.br/ensino-medio/vestibulando/1105/a-crise-economica-mundial.html
http://www.infoescola.com/economia/crise-financeira-nos-eua/
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Depress%C3%A3o
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http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/a/a_republica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia
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http://www.webartigos.com/artigos/da-influência-da-antiguidade-na-atualidade/95943
VICENTINO, Cláudio; GIANPAOLO, Dorigo. História: Geral e do Brasil. 1. Ed. São Paulo: Scipione, 2012.
Escrito por:
Eulália, Isadora Zaneti, Luísa Amaral e Rayanne Soares.